3.3.09

Bipartidarismo

Recentemente, uma amiga irremediavelmente abstencionista dizia-me que não percebia porque razão os governos eram incapazes de aproveitar boas ideias vindas da oposição. Respondi-lhe que os políticos tomam decisões com base em dois critérios: a conquista do poder e a manutenção no poder. Quando as ideias dos outros partidos cumprem um destes propósitos, são usadas sem grandes remorsos. Na sua versão mais lamacenta, a apropriação assume uma forma de bipartidarismo a que resolvemos chamar "pactos de regime".

Estes pactos não são mais do que acordos de partilha do centro político, supostamente justificados pela gravidade de uma qualquer situação. Seria um modo de actuação aceitável se resolvessem alguma coisa. Infelizmente, como se pode ver pela situação da justiça, da reforma da administração pública, da educação, da saúde, etc., a premência não tem grande relação com os hipotéticos acordos que vão sendo discutidos. O "pacto de regime", depois de apanhada a "low hanging fruit" dos primeiros tempos da IIIª República, é motivado por tacticismo, não por um admirável sentido do dever.

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