15.10.09

Equilibrismo (II)

À esquerda, o cenário é de contenção forçada. O BE, depois de, nas autárquicas, ter visto o seu próprio sonho imperialista confrontado com a dura realidade, já olha com outros olhos para o sapo que engoliu nas eleições legislativas. Nada como sermos relembrados da mísera extensão do nosso poder para nos ser devolvida, mesmo que temporariamente, a humildade. O PCP parece ter finalmente entrado num processo de erosão, uma erosão sofrida, silenciosa, mas que se espera implacável.

O PSD, sendo o partido que tem menos a perder, será naturalmente o mais tentado a encurtar a estadia do Eng.º em S. Bento. Daí já andar a recorrer a artifícios e a declarações de independência para tentar disfarçar a sua relativa irrelevância nos próximos tempos. No seguimento da dúvida metodológica que a líder do PSD apresentou como programa ao país, avizinham-se dias de alguma indignidade.

O CDS tem a difícil tarefa de aguentar enquanto puder os seus 21 deputados para os usar como base para outras andanças. Isto implica suportar esta legislatura enquanto não solidificar o seu resultado e simultaneamente não trair o seu eleitorado. É nestas altura que dá jeito ter tido o decoro de produzir um documento com mais de duzentas páginas a dizer ao que se vem, antes das eleições. Facilita, por um lado, as negociações, por outro, a prestação de contas ao eleitorado.

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