22.10.09

Maquiavel de Alpiarça



Há quem teime em levar demasiado a sério aquela ideia de que a política é a arte do possível e se recuse apreciar o valor filosófico do Dilbert. É o caso da Associação Nacional de Proprietários. Décadas depois dos seus associados terem sido expropriados sem direito a indemnizações, o melhor que conseguem fazer é exigir ao governo a imposição de uma renda mínima de 50 euros para os contratos de arrendamento anteriores a 1990. Presumo que isto seja a noção que o António Frias Marques, presidente da ANP, tem de compromisso. A mim parece-me que esta ideia está mais próxima da noção de parvoíce.

A ANP pelos vistos quer arranjar uma guerra com 234 mil agregados familiares (60% dos "contratos antigos") em nome de uma ridicularia. Posso estar enganado, mas parece-me que se vamos alienar a grande maioria das pessoas com quem vamos ter de negociar uma reforma digna desse nome da lei do arrendamento, devíamos fazê-lo com alguma audácia. Por exemplo, negociando uma reforma digna desse nome. Caso contrário, ao "vender" por tuta-e-meia décadas de uma injustiça gritante, não só estamos a adiar essa reforma, como a confirmar uma suspeição miserável: a de que o direito à indignação pátrio se esgota realmente no fórum da TSF.

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