Por uma multiplicidade de razões que não envolvem necessariamente o interesse público, os políticos têm alguma dificuldade em perceber diferenças elementares entre alguns conceitos. Não percebem, ou fingem não perceber que, por exemplo, uma empresa exportadora não é forçosamente uma empresa competitiva.
Uma empresa competitiva é uma empresa que consegue produzir e vender um determinado bem a um preço igual ou inferior ao dos seus concorrentes. Um empresa exportadora é uma empresa que consegue vender, mas não necessariamente produzir, um determinado bem a preço igual ou inferior ao dos seus concorrentes. Qual é a diferença entre estas duas empresas? A primeira recorre à eficiência para conseguir competir. A segunda recorre ao contribuinte.
Um exemplo simplificado:
A empresa A produz e vende carros a €5000 por unidade. A sua concorrente espanhola B produz os mesmo carros a €5100 a unidade. A empresa A é competitiva. Se o custo de os vender em Espanha for inferior a €100 a unidade, será também exportadora.
A empresa C produz carros a €5400 por unidade. A empresa C recorre a um "incentivo à exportação" no valor de €500 por unidade, que lhe permite vender carros a €4900 por unidade. Se o custo de os vender em Espanha for inferior a €200 a unidade, a empresa C é exportadora mas não é competitiva.
Levando o exemplo um pouco mais longe:
Para também ser exportadora, a empresa A tem de ser competitiva no mercado espanhol, logo, é forçada a recorrer ao mesmo subsídio à exportação de €500 por unidade. Como só precisa de €100 por unidade para ficar ao nível da concorrência, usa os outros €400 para comprar Porsches para a administração e agravar o défice externo.
Resultado: mais impostos para toda a gente, incluindo as empresas A e C, e uns condutores espanhóis muito contentes com o dinheiro que os contribuintes portugueses lhes ofereceram.
Há 4 horas
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