11.12.08

Da Solidão VII

A ser verdade que o CDS sempre procurou ser a voz de quem não tem voz, é urgente entender que, hoje em dia, também esse grupo se alterou substancialmente. Numa certa visão clássica, é a miséria que cala as pessoas. No entanto, o que realmente cala as pessoas não é a miséria, mas sim a escravidão que ela implica. A pobreza rouba-nos a liberdade e se há coisa que falta à democracia portuguesa, é precisamente liberdade.

Quando um regime insiste em repetir as mesmas receitas, projectadas pela mesma canalha, executadas pela mesma burocracia e com os mesmos destinatários, não há liberdade. Pode existir uma democracia formal mas, como disse o Tocqueville, a democracia e o socialismo só têm uma coisa em comum: a igualdade. A democracia procura a igualdade na liberdade, enquanto o socialismo quer igualdade na subserviência.

Não havendo em Portugal uma ditadura é fácil menosprezar a ausência de liberdade negativa. O carácter administrativo do colectivismo deslavado em que vivemos não é dado a romantismos. No entanto, é um programa que nos acobarda e que nos desgasta silenciosamente. Vai alimentando direitos, liberdades e garantias, com os deveres de uma minoria dispersa. Uma minoria cuja felicidade não foi comprometida por uma baixa auto-estima mas sim pela enfermeira que trata da marcação de consultas nos centros de saúde das suas respectivas áreas de residência.

O CDS devia ser a voz desta minoria e devia ser este o propósito da direita que o CDS procura representar: resgatar da sombra os excluídos pelo socialismo.

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