A agenda liberal e o ideal social da democracia cristã, por serem facilmente adoptáveis pelo "centrão" em caso de necessidade (como aliás já aconteceu), colocam um problema estratégico básico ao CDS: para sobreviver terá de optar entre uma tentativa de liderar uma alternativa de direita, e a continuidade do seu estatuto de partido charneira do regime. O problema da primeira opção é a manifesta falta de meios do CDS, a falta de "capital social". O problema da segunda é o seu parasitismo em larga medida indigno.
Este dilema estratégico remete-nos para um problema mais vasto: qual é o papel de um partido que se situa num dos extremos do espectro democrático? Resumidamente, defender ideias que o centro não pode defender. Estas, por sua vez, dividem-se em ideias que ninguém pode defender com seriedade e ideias que alguém devia defender. Neste quadro de análise, uma vitória de um partido de direita minoritário resume-se à derrota prática da extrema-esquerda (já que a derrota teórica é indiscutível) e ao fim da inevitabilidade da social-democracia em que o país vive ensopado.
Há 5 horas
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