Em Junho, quando o Obama ganhou as primárias, o Economist fez o seguinte resumo da fórmula para o sucesso da campanha em termos de donativos e de voluntários: Mr Obama simultaneously lowered the barrier to entry to Obamaworld and raised expectations of what it meant to be a supporter. Esta complementaridade entre as baixas barreiras à entrada e expectativas elevadas explica também porque razão não faz sentido a ideia ciclicamente recuperada de que a "abertura" dos partidos é essencial para a sua salvação.
Não faz sentido pela simples razão que a "abertura", tal como tem sido vendida, é vista como um fim em si mesmo, como uma solução tanto para as barreiras à entrada como para as expectativas associadas a essa entrada. Ou seja, bastaria abrir os partidos para que as pessoas, subitamente livres para se banharem no caldo tépido da política, mergulhassem de corpo e alma nessa nobre actividade. Este conceito de "abertura" falha porque parte do princípio de que se for aberta uma porta as pessoas vão querer entrar, independentemente do que estiver do outro lado.
Neste momento, o que está do outro lado, como resultado da heredeteriedade do rotativismo nacional, é cerca de metade do que o país produz num ano. São 77.556.000.000 de euros, ou seja, 25 vezes a fortuna do homem mais rico de Portugal, para distribuir anualmente. Se mesmo assim as pessoas acham que não vale a pena enveredar pela política, tenho sérias dúvidas que baste "abrir" os partidos para que essa situação se altere.
Há 6 horas
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