13.11.08

Da solidão IV

A grande vantagem da exiguidade do CDS é a de que só pode ser povoado por pessoas que não precisam verdadeiramente do partido para nada. Para além de uma acanhada minoria com cargos remunerados, o resto do partido é composto por um grupo impassível com tempo para sacrificar. No entanto, não podendo o partido reclamar titularidade sobre esse tempo, é natural que o CDS tenha tendência a esfarelar-se sem um objectivo agregador, sem um sucedâneo do poder.

A cruzada para descobrir um alvo comum a eleitores, militantes de base e "notáveis" já levou o CDS a todo o tipo de paragens, umas mais recomendáveis que outras, com uma reclamação recorrente cada vez que os resultados ficavam aquém dos objectivos: a do regresso aos valores. O partido, ou pelo menos o partido profundo e conservador, quer ideais, mais particularmente ideais morais.

O problema deste eterno retorno a um certo moralismo é que não chega para conquistar votos para além dos da base tradicionalista do CDS. Isso significa que o partido precisa de uma agenda, uma agenda que só pode nascer do liberalismo e do ideal social da democracia cristã. Porquê? Porque a tradição conservadora é, ou devia ser, sobretudo reactiva, despertando apenas para fazer face a ameaças às instituições e não para propor transformações sociais. Ou seja, porque o conservadorismo não é um programa político, é um método.

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