O Roger Scruton disse, e bem, que a liberdade de escolha, ou seja, a liberdade "formal", seria inútil como princípio orientador sem um conteúdo que a sustente, sem um fundamento "material". No entanto, só num país em que a maioria das pessoas não se incomoda com este pluralismo político monocromático, onde todos podemos defender o que quisermos desde que seja uma variante mais ou menos feroz do socialismo, é que a liberdade de escolha, mesmo na sua versão instrumental, pode ser vista como desnecessária. Talvez seja isto que nós merecemos mas, apesar de tudo, a representatividade do sistema eleitoral permite-nos sonhar com uma alternativa de direita que seja algo mais do que um amargurado vestígio reaccionário ou um liberalismo colado com cuspo.
Dar um conteúdo a essa liberdade formal que gozamos passa sobretudo pela subversão, pelo abandono do modelo de fazer política que tem como único objectivo ser mais eficiente do que os outros partidos na procura do voto e que, na sua mais venerável encarnação, confunde estratégia com visão. Mesmo assumindo que a única medida do sucesso de um partido é o seu número de votos, se o CDS se limitar a tentar copiar outras forças partidárias, sem meios para o fazer e assombrado pela respeitabilidade a que se arroga, vai inevitavelmente cair num populismo indigente. O populismo é uma estratégia tão válida como qualquer outra mas, sendo fácil ir cada vez mais longe quando se trata de nivelar por baixo, há um custo de oportunidade claro em tentar ir atrás de um voto boçal e esse custo traduz-se num futuro irrisório.
Há 2 horas
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