Autor
Tomás Belchior, 31 anos, lisboeta, pessimista com alguns remorsos, economista não-praticante, vodka tónico.
Linha Editorial
Sabendo que a primeira coisa que irei fazer é desrespeitar qualquer linha editorial, vou esforçar-me por ser vago. Tentarei escrever sobretudo sobre política, do ponto de vista de um militante anónimo do CDS. Como o anonimato implica uma certa desresponsabilização, é natural que também escreva sobre o que me apetecer, algures entre a actualidade e a metafísica. Não inclusive.
Motivações
Há anos que quero "participar". Há anos me deixo convencer a não o fazer, embalado tanto pelo espectro da minha própria inutilidade como pelo da inutilidade do propósito participativo. Para facilitar a opção imobilista, sempre quis ver os bastidores da democracia a partir do interior do partido mais desprezado do panorama político português.
Os argumentos utilizados por amigos para me tentarem manter do lado de fora foram diversificados. Desde os inúmeros clichés vulgarmente associados ao CDS, à direita, aos partidos, aos políticos, até alertas quanto à minha fraca qualificação para a militância (afinal de contas não conheço ninguém "lá dentro") e aos riscos de transformação "num deles", tudo serviu para tentar provar o absurdo da filiação. Aparentemente são preocupações válidas.
No entanto, a postura da política de bancada, da política como bolo alimentar de referências avulsas, de convicções instintivas, sempre me lembrou uma frase lapidar que ouvi com lamentável regularidade da boca de alguns professores: "Isto não é sério." Não é sério enquanto não envolve risco, enquanto não envolve lidar diariamente com a nossa própria cobardia e com o inevitável ridículo. A falta de seriedade, essa sim, é uma preocupação válida.
Sendo assim, num momento de lirismo, filiei-me e comecei este blog. Filiei-me para tentar e eventualmente falhar ou, recorrendo ao chavão, para tentar e falhar melhor. Talvez inspirado por aquela ideia de que a maneira mais rápida de acabar com uma guerra é perdê-la, comecei este blog para dar oportunidade ao crescimento em público de precipitar as coisas.
Estamos portanto sob o signo da ingenuidade e da ignorância. Fica feito o aviso.
Porquê o CDS?
Porque é um partido de direita. Porque é um partido pequeno. Porque é um partido no limiar da relevância. Porque já não há nada para distribuir. Porque a negociação nem sempre é desejável. Porque há uma oportunidade. Porque há sempre oportunidades.